Restaurante Clube de Jornalistas
Na semana passada decidi voltar a um local onde já não ia há uns bons anos: o restaurante do Clube de Jornalistas. Recordo-me de ter sido dos primeiros sítios acessíveis, em Lisboa, onde se comia magret de pato e, também, onde havia uns dentes de alho em pickles que deixavam intrigado quem ali entrava pela primeira vez e os via serem deglutidos como se fossem azeitonas. A gerência catalã entretanto mudou (há três anos) e deixei de ouvir falar do local. Até que há uns tempos alguém me falou que havia por ali uma happy hour de ostras do Sado e champanhe por um preço muito atractivo (10€, seis ostras e duas flutes, entre as 19.30h e as 20.30h). Preso por este anzol, achei que era boa altura para regressar.
O espaço mantém-se o mesmo, embora a decoração tenha sido ligeiramente modificada de forma a tornar as várias salas da casa mais claras. Mantém-se o magnífico pátio interior (o mais belo de Lisboa, juntamente com o da York House), o que me parece óptimo para um refastelamento de fim de tarde de Verão, em boa companhia de conchas e bubbles francesas. Enquanto o termómetro teimar em não subir, desfrute-se das salas interiores porque vale a pena, pelo que constatámos numa destas ultimas sextas-feiras.
Como entrada começámos por pedir uns cogumelos selvagens salteados, com caramelo de trufa, acompanhados de umas fatias finíssimas de broa (8€). Inicio auspicioso: produto de boa qualidade, cozinhado no ponto, numa excelente conjugação de aromas e sabores com a presença discreta da trufa a valorizar o conjunto, sem nunca ofuscar o principal. Ainda no campo das entradas veio um leite-creme queimado de salmão fumado (7€) e peito de pato fumado na casa, foie gras salteado com pêras e moscatel (12€). O primeiro é daqueles números arriscados que se não resulta pode dar em algo muito desagradável, mas se funciona bem, a audácia sai valorizada. E foi o segundo caso. Por estranho que possa parecer, o sabor do salmão, num creme de consistência correcta, funcionou muito bem com o açúcar caramelizado. Aposta ganha. Já o peito de pato fatiado e fumado na casa, destacou-se por essa característica fumada bem vincada, embora o conjunto com o foie gras fresco (de boa qualidade) a pêra e a redução de moscatel não me parecesse uma conjugação completamente bem conseguida (o fumado do pato retirou alguma nobreza ao sabor do foie). Com as expectativas numa fasquia elevada passámos aos pratos principais, onde comi um borrego marinado em mostarda antiga com couscous e menta (14€), de que só posso dizer bem: carne saborosa e tenra, tempero acertado, conjugação clássica com cuscuz e menta, correcta e, uma boa abóbora menina assada no forno a compor o ramalhete. Provei ainda o generoso risotto de vieiras (18€), al dente, como é da minha preferência; e um salmão em crosta de sésamo (14€), com arroz selvagem e legumes salteados que, embora tivesse vindo passado demais, prontamente foi substituído por outro no ponto correcto de cocção. Para terminar foi pena que as sobremesas que escolhemos não estivessem ao nível do que até então nos foi servido. O ananás em ravioli com recheio de Manga e sorvete de tangerina (5.50€) não era tão interessante quanto o enunciado fazia crer (tratava-se de fatias finas de ananás dobradas com o recheio de manga no interior) e o bolo gazeta (6€), uma “ganache” de chocolate, também não me excitou por aí além, em parte devido à sua consistência algo pesada.
Em termos de vinhos o seu bom preço permite valorizar a refeição, embora a carta pudesse ser mais ampla em termos de brancos (consta que isso acontecerá com o aproximar do Verão). Bebemos um Lavradores de Feitoria, Sauvignon Blanc 06 (17€) e, com as sobremesas, foi-nos oferecido, a copo, um generoso da Quinta de S. Francisco (Óbidos), um moscatel do Douro e um Madeira H&H.
O serviço foi eficiente, o que faz com que, em termos globais, não tenha pejo em deixar a mensagem: espalhem a notícia.
Preço médio para refeição completa de entrada, prato e sobremesa, 35€/pax, com vinho (ao contrário do que o nome possa sugerir, o restaurante encontra-se aberto ao público).
P.S. Com isto tudo falhei as ostras acompanhadas de champanhe, o que me vai fazer lá voltar. Que maçada…
Contactos:
Rua das Trinas 129 r/c – Lisboa ; Telef: 213977138
Publicado originalmente no jornal OJE (http://www.oje.pt/) em 26 de Março de 2008
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