segunda-feira, março 02, 2009

Um chamamento à beira rio

Restaurante Le Club

Manhã cinzenta de Domingo, torradas e café com leite e jornais da véspera consumidos. Tudo apontava para um dia de “empastelamento”, ou para um Domingo da cópia, como lhe chama uma amiga minha. Da parte inferior esquerda do neurónio começou a soar a ideia: Vila Franca...que tal ir almoçar a Vila Franca? Há por lá um restaurante que há muito quero conhecer.

Proposta lançada, proposta aceite. São 14.30h e debaixo de uma chuva irritante, fizemo-nos à estrada. Quase todos os meses passo por ali quando faço a A1 a caminho de casa dos meus pais. Tento recordar-me se alguma vez lá terei estado e não chego a nenhuma conclusão. A proposta tem os seus riscos pois nem sequer faço ideia onde é o tal restaurante, nem se ainda servem àquela hora, ou tão pouco, se estará aberto. Felizmente levo alguém que conhece o pais de lés a lés e que, com uma perna às costas, descobre o local. O nome é estranho para uma casa em terra de tradições tauromáquicas: Le Club.

O Le Club fica numa casa antiga onde em tempos conviveram latifundiários e outras famílias bem da região. Lá dentro, à direita, um dos espaços ainda conserva a memoria desses tempos. Do outro lado, o restaurante. Várias salas de decoração contemporânea com motivos árabes comunicam entre si. O restaurante está por nossa conta e na altura não sei se isso nos fez sentir especiais, ou se lançou a dúvida no ar. As referencias que tinha eram boas e a consulta da carta prometia.

E de facto havia razões para acreditar nas referencias e na intuição do neurónio que, nessa manhã, tinha lançado o repto de uma ida a Vila Franca. A carta de Henrique Mouro (um Chef com provas dadas no Pestana Valle Flor, Meridien, Bica do Sapato, entre outros lugares) é bastante sugestiva e algo arrojada. Promete modernidade num convívio são entre produtos da região, do país e de alem fronteiras.


Estamos no mês do Sável e a oferta do chefe recorda-nos o momento: uma posta frita deste peixe de rio chega-nos acompanhada das suas ovas.

cavala numa bisque de lavagante e algas

Salmonete no forno com feijoada de choco (um pouco mais de apuro na feijoada e estaria perfeito).



Linguado com batata-doce, amêijoa e tomate compotado: excelente conjugação de sabores; peixe no ponto; envolvimento em massa kadaif a dar uma textura contrastante ao conjunto: muito, muito bom.

Pudim de azeitona doce e aguardente: o liquido é incendiado e vertido por cima do pudim de ovos com pedaços de azeitonas e frutos secos. É assim uma espécie de “christmas pudding” à moda da lezíria. Muito interessante, por sinal (e que combina muito bem com o Porto Tawny que nos foi oferecido).

Esta refeição confirmou tudo o que tinha lido sobre este “Le Club” pelo que fiquei bastante agradecido ao neurónio que teve a ideia e me conduziu a Vila Franca de Xira. Afinal nem todos os Domingos cinzentos têm necessariamente esse tom.

Por esta refeição, que foi acompanhada por um belo Covela branco 2006, pagou-se 35€/pax.

contactos: Av. Combatentes da Grande Guerra, nº 40, Vila Franca de Xira; Telef: 21 309 897 326 (www.leclub-restaurante.com)


1 comentário:

Bruno disse...

Não sei se foi uma mudança de nome recente, mas o restaurante agora chama-se apenas "Club" e o site respectivo é http://www.club-restaurante.com/
Tudo o resto continua excelente!